Viver a história romântica dos sonhos com o ídolo ou, quem sabe, fazer de uma tragédia um final feliz. Em uma fanfiction tudo é possível. “É um sonhar acordada”, como define a leitora Lucília Bortone. A fanfic permite que o fã assuma o controle dos personagens, tomando o lugar do autor, e (re)crie romances, continuações para a história e até outro destino completamente diferente do original.
Esses leitores, quase sempre adolescentes, gastam horas no computador escrevendo e lendo histórias, mas juram que nunca deixam de fazer nada por isso. Discutem o rumo da trama em redes sociais espalhadas pela internet, mas é raro se conhecerem pessoalmente. O que os une é o ídolo em comum.
Seja com o cantor preferido, com o livro mais querido ou o quadrinho de maior sucesso. Não importa. Afanfic é livre para qualquer criação. Nesse mundo se pode trazer o artista da Europa e passear junto a ele pelas areias da Praia de Copacabana. Ou, então, se matricular na escola de bruxos mais famosa de todas e ainda namorar a personagem mais instigante do livro.
E assim o fã vai, cada vez mais, se envolvendo com o personagem. Para Bárbara Dewet, “é uma forma de o fã conhecer o ídolo. De achar que é amiga dele, de se sentir próximo dele”. Mas Lucília alerta: “O mundo das fanfics é o mundo das fanfics, não é a sua vida. É a vida de um personagem, mas não é você”.
Para a psicóloga Denise Carvalho de Souza, o fanatismo faz parte do ser humano, só que ele pode se tornar perigoso quando a pessoa extrapola e vincula o fanatismo a uma questão mais destrutiva e agressiva. A psicóloga considera o fanatismo como uma forma de amor, e acredita que o exagero deve ser analisado individualmente, já que “existem casos de fãs que utilizam o ídolo para preencher alguma lacuna de sua vida pessoal”, explica Denise.
No entanto, numa fanfic, esse amor exaltado vira história, que é publicada na internet. Ou até viram livros impressos, como fez Bárbara Dewet com sua primeira fanfic. Mas se a vida de escritor dos próprios sonhos não virar profissão, pelo menos valeu a pena o sonho que se sonhou acordado.
(Urbanos).
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